Drama Histórico pré e pós-guerra.

A Manga Histórica, normalmente abordava a temática dos samurais, que estão entre os mais populares géneros de Manga Japonesa no Ocidente. Elas são também referidas utilizando o termo "chanbara", uma onomatopeia para o som das espadas ao chocarem. Tipicamente situadas entre o tardio Japão medieval do século dezasseis até ao fim do período Edo (1603 - 1868), algumas retratam factos históricos outras completamente fabricadas. No Japão do pré-guerra dramas históricos eram um género preferido em filmes e romances populares, a seguir à guerra a temática histórica foi levado até à televisão tornando-se muito popular na geração mais madura. Os dramas históricos no formato Manga sofreram, porém uma trajectória diferente.

Não há nada correspondente a dramas históricos nos predecessores da Manga histórica no pré-guerra. Mais típico do período Taisho (1912-1926) eram as Mangas humorísticas para crianças como o "Dango Kushisuke Manyuki" ("As aventuras de Dango Kushisuke") de Myao Shigeo, na qual o protagonista tinha recebido o nome depois das bolas mochi no espeto. No anos pré-guerra do período Showa (1926-1945) obras muito populares como Norakuro Nitohei ("O privado Canino Norakuro") de Tagawa Suiho e Boken Dankichi ("As aventuras de Dankichi") de Shimada Keizo, eram ambas marcadas pela atmosfera militarista da altura mas nenhuma tinha como época a dos samurais.

Durante sete anos após a derrota do Japão na 2º Guerra Mundial não emergiu nenhuma manga que tivesse temas históricos como base. Este período também viu desaparecer os dramas de guerra tão populares durante a guerra. Isto era resultado das restrições na liberdade de expressão impostas pelos Ocupação dos Aliados (maioritariamente Americanos) que proibiam a produção e distribuição de romances, dramas, filmes, e manga que tivessem como temas samurais, artes marciais, ou o exército Japonês. O ostensível propósito por detrás destas restrições era prevenir o ressurgimento de sentimentos militares. Com a implementação do Acordo de Paz de San Francisco em 1952 trouxe o fim a estas restrições e os Japoneses eram de novo livres de gozarem dramas de guerra e históricos.

Este foi também o período do primeiro Boom da Manga contemporânea, quando trabalhos como Igaguri-kun (Master Crew Cut) de 1952 e Akado Suzunosuke de 1954, sobre um grande espadachim que usava um armadura vermelha, foi muitíssimo popular entre as crianças. Ambos estes trabalhos foram escritos por Fukui Eiichi mas o ultimo foi mais tarde tomado por Takeuchi Tsunayoshi quando Fukui abandonou esta logo após ao inicio da sua produção. Estes dois trabalhos cresceram com um enorme numero de derivados e sequelas.

Em termos tanto de narrativa como de descrição esta Manga era explicitamente orientada para miúdos e tipicamente apresentava valores morais em conjunto com muito humor. Isto pode ser atribuído ao facto que foram produzidas antes da transformação que tomou lugar nos tardios anos 60.

A Ascensão de Shirato Sanpei

Shirato Sanpei sobressai como um a figura única na trajectória da Manga Histórica. O filho de um pintor de esquerda do período da guerra Okamoto Toki, Shirato começou a trabalhar cedo após ter-se graduado da escola média no pós-guerra. Kamishibai é uma forma de teatro de rua que utiliza gravuras desenhadas em cartolina para acompanhar as recitações do guião dramático. Esta forma de teatro apareceu pela primeira vez por volta dos anos 30 e usufruiu de uma enorme popularidade até ter sido finalmente eclipsado pela televisão. Shirato era um de vários artista Kamishibai o qual mais tarde virou-se para a criação de Manga.

Shirato produziu a sua primeira manga para livros distribuída através das livrarias de empréstimo, ou kashihon (ver artigos anteriores para mais informação sobre Kashihon). A sua primeira Manga tinha como protagonista um ninja. O ninjas foram personagens populares na época pré-guerra em romances sensionalistas (pulp novels), mas na altura eram descritos com feiticeiros das montanhas. O anos 60 viram um novo Boom em romances sobre ninjas que andavam em bandos e tinham habilidades especiais de luta que usavam para influenciar lutas entre os Senhores Feudais. Neste contexto Shirato criou uma Manga nova radical sua sobre de ninjas.

A Manga de ninjas de Shirato Sanpei debruçava-se sobre grandes temas que se estendiam por múltiplos volumes. Elas produziam relatos muito dramatizados da classe e as suas contradições nos finais do Japão medieval, lutas entre organizações e indivíduos, e as posturas do leste Asiático para com a vida e a morte. Elas de longe destronavam outras mangas do seu tempo tanto em temática como na técnica expressiva. O melhor trabalho de Shirato na época era o Ninja bugeich Kagemaru den ( "Os Relatórios da Guerra Ninja: A lenda de Kagemaru"). Infelizmente, porém, estes trabalhos estavam em serio risco de não serem conhecidos para além um pequeno grupo de leitores fieis como resultado da dissipação do sistemas das livrarias de empréstimo nos inícios dos anos 60.

Em meados dos anos 60, apenas quando os média começaram a abordar o facto que a geração pós-guerra persistia em ler Manga mesmo depois de terem atingido a fase adulta e terem terminado a universidade, os trabalhos foram então republicados pelas maiores editoras. Ao mesmo tempo Shirato começou a produção de novos trabalhos para as revistas de editoras maiores e para o Garo, uma leitura exclusivamente para aficcionados da Manga. Os seus trabalhos foram amplamente lidos e apreciados principalmente por estudantes e intelectuais. Provavelmente a mais conhecida Manga histórica no Ocidente seja Kozure Okami ("the Lone Wolf and the Cub"), com ilustrações de Kojinka Goseki e argumento de Koike Kazuo. Kojinka foi também produto do sistema das livrarias. Nos últimos anos dos anos 60 ele trabalhou na equipa de produção de Shitaro Sanpei da obra Kamui-den ("The legend of Kamui").

Hirata Hiroshi também merece a inclusão em qualquer discussão sobre Manga Histórica. Hirata começou produzindo Mangas para as livrarias de empréstimo e as suas interpretações era chocantes ao ponte de merecerem não um mas dois incidentes de censura. O seu dom para expressar amor e ódio nas relações humanas com um toque feroz fê-lo o artista de Manga preferido do escritor Mishima Yukio. O artista de Manga de ficção cientifica Otomo Katsushiro é também admirador de Hirata e aceitou a comissão de conceber o design das capas das colecções dos seu trabalhos.



 

 

 

 

 

 

 




 

 

 

 

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